Resiliência na cadeia de suprimentos: é realmente tão importante?

A resiliência na cadeia de suprimentos é uma lição que foi ainda mais aprofundada durante a pandemia, mas já vinha...

por: carlosorioli

A resiliência na cadeia de suprimentos é uma lição que foi ainda mais aprofundada durante a pandemia, mas já vinha dando sinais da sua importância.

Os anos 2000 foram, sem dúvidas, uma revolução para a logística no mundo. Não apenas pelas inovações impulsionadas pela internet, inteligência artificial, machine learning e IoT. Mas também pela evolução no papel dela para empresas de todo o globo.

Afinal, até pouco tempo o setor possuía uma prática muito mais operacional. Hoje, no entanto, a logística atua mais estrategicamente. Tornando-se, assim, uma área de extrema importância para garantir vantagem competitiva, aumentar o potencial de crescimento e os retornos conquistados.

E não estamos falando apenas de economia de custos com transporte, mas de qualidade, vendas, marketing, valor agregado e muito mais! A questão, no entanto, é que a logística, mesmo com a mudança de papel, ainda mantém o modus operandi engessado de antigamente.

Tornando-a inflexível e pouco adaptável às mudanças, às ameaças e evoluções. Sabemos, analisando as últimas crises, que isso é uma grande desvantagem, não é mesmo?

É exatamente neste contexto que a resiliência na cadeia de suprimentos torna-se uma solução extremamente interessante. Vamos entender melhor o que significa esse termo, as vantagens e como colocá-lo em prática?

Boa leitura!

O que é resiliência na cadeia de suprimentos?

Resiliência:substantivo feminino
1. FÍSICA: propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica.
2.FIGURADO: capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças.

Resumidamente, resiliência é a habilidade de passar por adversidades por meio de alta adaptabilidade. Minimizando, assim, os impactos negativos advindos de transformações planejadas ou inesperadas.

Como você deve imaginar, essa característica é extremamente benéfica para o ser humano. Principalmente em uma era com tantas inovações e evoluções. Afinal, aqueles que conseguem se adaptar, podem acessar mais rapidamente os ganhos e vantagens das novidades.

Além, claro, de diminuir as dificuldades dos diferentes cenários.

Mas qual a relação desta habilidade com a cadeia de suprimentos? Assim como nós, as empresas também estão sujeitas a impactos externos, como crises, catástrofes, sazonalidades, instabilidades, indisponibilidades.

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Sem a resiliência na cadeia de suprimentos, dificilmente as empresas passarão por estas situações de maneira eficiente, reconfigurando seus processos rapidamente e utilizando as rupturas como molas propulsoras.

Construir uma cadeia de suprimentos resiliente não significa evitar os impactos e sim absorvê-los, tal como as molas, que citamos acima. A ideia é contrair para minimizar as consequências e utilizar a força e a flexibilidade para retornar ao seu estado inicial.

Processos engessados e inflexíveis podem parecer seguros, mas, atualmente, eles impedem que o seu negócio se desenvolva. E pode torná-lo muito mais vulnerável. Entenda melhor o risco de investir em estruturas pouco adaptáveis.

Por que é tão importante investir em resiliência na cadeia de suprimentos

Um dos maiores riscos de não investir na resiliência na cadeia de suprimentos e manter estruturas e processos rígidos é deixar a sua empresa vulnerável à potencialização dos impactos.

Pode ser um período de sazonalidade e tudo bem manter um planejamento não adaptável, afinal a oscilação tem um prazo curto, certo?

Sim, pode ser, mas caso os indícios de mudanças sejam de alto impacto, a sua empresa não terá tempo hábil e nem conhecimento para se reestruturar.

Atraindo assim, todo o impacto das mudanças, gerando instabilidade nos processos, preços e até mesmo na qualidade e prazo entregues ao cliente final. A depender da perturbação, as consequências podem ser ainda mais severas. O que pode gerar paralisações e até interrupção das atividades por tempo indeterminado.

Isso foi, inclusive, o que aconteceu com muitas empresas que não possuíam planejamento de transformação digital ou automação durante a pandemia. Afinal, não havia como operar remotamente e essa era a única opção para a maioria dos modelos de negócio.

A dificuldade em se adaptar fez com que muitas empresas, aparentemente bem sucedidas e sólidas, fechassem as portas durante o período pandêmico.

Ao investir na resiliência da cadeia de suprimentos é possível passar por situações de alto impacto, como esta, com menos instabilidade e mais eficiência.

Mas também é uma ótima estratégia para que empresas de todos os portes absorvam mudanças e tendências de maneira mais ágil. Estimulando, assim, o seu potencial de crescimento e inovação.

3 dicas práticas para conquistar resiliência na cadeia de suprimentos

A teoria da resiliência na cadeia de suprimentos é razoavelmente simples. Afinal, estamos falando de um comportamento lógico em um cenário de mudanças velozes e ultra transformadoras.

A prática, no entanto, é muito mais complexa. Isso porque a rigidez de processos é um costume muito comum dentro do planejamento e da gestão de riscos. Ao estabelecer moldes, ações e engrenagens fixas, a repetição e a escala se tornam mais simples e seguras.

Teoricamente, os gestores já estão cientes de todos os riscos desse “esqueleto” e conhecem as melhores soluções para responder rapidamente a falhas, erros e a qualquer desalinhamento.

Compreender a necessidade e urgência da flexibilidade é, portanto, um trabalho árduo. Mas a pandemia, com certeza, colocou a resiliência da cadeia de suprimentos no radar das empresas mais inovadoras e deve se mostrar indispensável, nos próximos anos, para as pequenas e médias empresas, tradicionalistas ou não.

Se você já se conscientizou desta necessidade deve estar se perguntando: como faço para aumentar a resiliência da cadeia de suprimentos? Antes de qualquer coisa, estabeleça uma cultura de inovação na sua organização.

A busca por evolução e a aceitação de reajustes na estrutura devem estar presentes desde a escolha dos fornecedores até o processo de contratação de novos colaboradores. Quando esta visão fizer parte da base do seu negócio, a resiliência se tornará muito mais simples.

O próximo passo é a construção do plano de gestão da cadeia de suprimentos e de ação de todos os processos relacionados direta ou indiretamente com supply chain. Confira abaixo!

1. Construção de planos de ação mais flexíveis

Resiliência e flexibilidade são termos que devem andar juntos na cadeia de suprimentos ou em qualquer outro setor da empresa. O excesso de rigidez é o que diminui o potencial de adaptação de uma estratégia.

Desta forma, planejamentos que permitam adaptações rápidas, sem o excesso de etapas burocráticas, aprovações e inúmeros testes, corroboram para diminuir o tempo de resposta a ameaças e perturbações.

É claro que esse processo, o nível de flexibilidade e, principalmente, onde ela será empregada devem ser estratégicos para não comprometer ações sensíveis da cadeia de suprimentos.

Com análise de dados, resultados e indicadores é possível estabelecer planos de ação mais flexíveis, sem comprometer a segurança ou a qualidade dos processos.

2. Invista em comunicação, análise e gerenciamento de processos

Aqui, na verdade, são três dicas em uma para tornar sua cadeia de suprimentos mais resiliente. A primeira delas é investir em ferramentas e estratégias de comunicação interna, tanto horizontal (dentro de cada equipe), quanto vertical (entre diferentes setores e níveis de subordinação).

A troca entre os colaboradores facilita a identificação e a absorção de mudanças e perturbações. Quanto mais ágil e frequente a comunicação, mais rápida é a antecipação de ameaças e oportunidades. Tornando toda a cadeia mais eficiente e resiliente.

O segundo ponto, também facilitado pela comunicação, é a análise de dados. As previsões podem ser falhas quando baseadas em instinto, mas os dados comprovam e quantificam as movimentações.

Quando acompanhamos os indicadores com frequência, conseguimos identificar mudanças mais rapidamente. E, desta forma, aproveitá-las da melhor maneira possível.

Por fim, o gerenciamento é um aliado fundamental para melhorar a resiliência na cadeia de suprimentos. Isso porque ele facilita e normatiza as duas dicas citadas acima: comunicação e análise.

A rotina do gerenciamento, com consultas e acompanhamos periódicos, dinamiza a cadeia de suprimentos. Tornando-a mais ágil e facilitando a aplicação da resiliência na supply chain.

3. Integração por meio da automação

A automação é uma ferramenta de extrema importância para absorver mudanças e atender às demandas de mercado de maneira eficiente e relativamente estável, mesmo com perturbações. Sejam elas de alto impacto, como a recente pandemia, ou de baixo, como sazonalidades e instabilidades temporárias.

Com ela, além do ganho de eficiência, produtividade e escalabilidade, a empresa pode integrar melhor seus processos e setores. Auxiliando, assim, a construção de uma cadeia de suprimentos mais rica, atualizada, menos onerosa e, claro, mais resiliente.

Afinal, com a automação, os gestores conseguem antecipar inúmeros riscos, adaptar o planejamento e as operações para minimizar os impactos e aproveitar melhor as oportunidades.

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